terça-feira, 23 de março de 2010

Quem inventou o AMOR ...


Quem inventou o amor, não fui eu ... não fui eu, nem ninguém ...
Mas estavas desprevenido e por acaso eu também.”

Era a Fête de la musique, 21 de junho na Côte d’Azur, há alguns anos. Eu cantava para comemorar essa linda noite no restaurante do companheiro da minha prima em Antibes. Quanta gente legal, também algumas pessoas estranhas ... claro, depois de uma boa dose etílica até o mais careta dos franceses se solta.
Fui apresentada a ele por um amigo italiano, amante da música e principalmente da salsa. Aquelas feições ... trabalha com pesquisa, computadores ... arrisquei no inglês. Riso geral, era um índio do Pará, gente boa, divertido, inteligente e também um amante da música, amante da nossa música brasileira. Conversamos até o dia amanhecer. Pena conhecer uma pessoa tão especial a poucos dias de voltar para o Brasil.
Nos encontramos em um jantar de despedida feito por minha tia para mim. Ele tocava e eu cantava. Ele tocava violão olhando para os meus olhos e eu cantava especialmente para os seus sentidos. Enquanto preparavam a mesa no jardim, encontramos um lugar mais tranquilo para conversar e assim nos demos um dos beijos mais deliciosos de nossas vidas. O corpo dele arrepiado envolvido em melodias que eu sussurrava ao seu ouvido: “Um cantinho, um violão, esse amor, uma canção ...”
Tudo deveria parar aí, pois ele me disse que tinha alguém, e apesar de estar solteira também estava voltando para o Brasil no dia seguinte. Vamos esquecer tudo isso. Foi impossível. Mesmo distantes, o nosso pensamento estava impregnado daquelas melodias, aquele beijo e aquele abraço. Fechava os olhos e conseguia sentir as suas mãos deslizando pelas minhas costas. E tenho certeza a minha voz continuava sussurrando ao seu ouvido. Nos comunicávamos quase diariamente por telefone, e-mail, MSN ... até que surgiu uma oportunidade. Feriado longo na Europa. Havia um espaço na minha agenda. Comprei uma passagem e voltei para França.
Ficamos juntos por alguns dias ...
Juntos ... tocando e cantando ...
Tocando e amando ... cantando e amando ...
Comendo, bebendo, dormindo ...
E mais música ... minha voz no seu ouvido ... tudo acontecia ...
Quando terminava uma das muitas harmonias de nossos corpos, ele pegava o violão e colocava na frente da sua nudez ... tocava e pedia “cante mais”.
Songbooks de Tom, Gil, Djavan, Chico ...
“Eu faço samba e amor até mais tarde ...”

Naqueles dias vivemos intensamente o nosso amor.
Claro que voltei para o Brasil e com o tempo, acabou.
Nunca mais nos encontramos.
Ele pode estar no Sul da França, Portugal, Angola, Inglaterra, Brasil, não sei.
Ficou a saudade? Não.
Ficaram as lembranças e a certeza de que é bom demais amar.

P.S. Verdade ou fantasia?

sábado, 20 de março de 2010

Lobo BOM



“Pela estrada fora
Eu vou bem sozinha
Levar esse doces
Para vovozinha
A estrada é longa
O caminho é deserto
E o loboo ...”
Sarah reage: mamãe, a história não tem lobo.
Tudo isso começou em um belo dia de verão no norte da Itália, próximo a Lasize.
Eu, Sarah, P e A estávamos pedalando por ruelas e pequenas cidades quando nos deparamos com um palco, onde três atores encenavam a história dos Três Porquinhos numa praça. Entre trocas de roupa e mudanças rápidas de cenário, surge o Lobo e seu sopro poderoso destruindo casas de palha e madeira. Apesar do idioma, Sarah tudo acompanhava e tudo entendia, até chegar o momento em que pensei como fazer de três atores, três porquinhos e um lobo? A solução surgiu rapidamente e a história tomou outro rumo. Como o lobo não consegiua derrubar a casa de tijolos, sai de dentro da casa uma doce velhinha, a conhecida vovó de chapéuzinho vermelho, que recebe carinhosamente o lobo faminto. Claro que o lobo se surpreendeu pois esperava ver os porquinhos. No entando, após identificar a personagem de sua outra estória, tentou enganá-la. A sabedoria e a gentileza da velhinha conquistaram o lobo. Lancharam chá com biscoitos, conversaram sobre tudo e o lobo mau ficou bom. Sarah então me pergunta: Mãe, por que a gente precisa tanto de um lobo mau? Eu respondo: para saber que o mau existe. O bem e o mal ou o bom e o mau existem em todos os lugares, está em nós, mas a boa luta, um conflito valioso é perceber com o tempo que o amor é a solução e a transformação de tudo.
Amo vocês!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Hoje acordei assim ... mas não me leve tão a sério.


Hoje acordei me sentindo culpada de tudo.
Temos dias difíceis. Todos nós temos dias difíceis.

Eu não vou negar que gostaria de ser aceita por todos. Que pretenção. Nem Jesus Cristo foi unanimidade. Mas o que não posso permitir é que pessoas que gosto tanto fiquem distantes de mim por qualquer mal entendido.

Quero começar a pedir perdão ao um velho amigo, radialista que gosto muito e que sempre me tratou com carinho: J. Mil desculpas por não ter ido ao seu programa no dia 28/12. Estava exausta e como acho que vou dar conta de tudo sozinha, dessa vez, não consegui. Entre ir ao programa e ficar com a minha filha, fiquei com Sarah e falhei com você.

Também quero pedir desculpas à minha ex produtora C, se por acaso não reconheci o seu trabalho.

Me desculpem, antigos, atuais e novos parceiros por ser mais artista do que “manager”. Muito complicado pensar em mercado quando sinto os primeiros acordes de uma boa canção.

Peço perdão a todos os meus ex maridos, namorados, casos, amantes ... na verdade, não foram tantos. O certo é que sempre temos momentos de incompreensão, egoísmo, visão turva ou estreita ... isso desencadeia o famoso desgaste da relação.

Peço perdão aos meu fãs por qualquer deslize. Sei que deveria me expor mais, me arriscar mais, talvez ser mais humilde e pedir ao papa, ao presidente, à Deus para estar mais perto de vocês. Sinceramente não sei o que fazer ... então eu canto. Apesar de alguns lapsos de insegurança, isso de fato, eu sei fazer.

Perdão meus amigos pela ausência.

Acho que duas taças de vinho tinto argentino foram suficientes para começar um tango.
Adoraria dançar tango. Não sei.
Adoraria tocar bem piano. Tentei. Ainda tento.
Adoraria ter minha mãe aqui, encarnada. Ela seria a única pessoa que deixaria cuidar da minha filha. Tenho certeza que não cometeria os mesmos erros que cometeu comigo. Provavelmente outros.
Adoraria cantar agora ... não consigo. Estou engasgada ...

Me sinto de lugar nenhum.
Formanda em jornalismo desde 1989, ambientalista desde 1990, agora assumidamente Verde e para alguns oportunista; cantora intérprete de tudo, uma das estrelas do Axé music da década de 90, traidora do movimento ao gravar o GRANDE e MARAVILHOSO Gilberto Gil, eclética demais para o mercado e sem rumo porque detesto ter que cantar tanta porcaria e não tenho grana para estar na mídia popular.

Estou sozinha ... não tenho turma.
Não sou MPB porque amo aqueles tambores e o balanço do trio. Não sou Axé porque amo cantar letras e melodias que enaltecem a sensibilidade humana. Não sou clássica porque amo cantar e sambar um bom pagode, mas não sou pagodeira, pois não bebo, não como churrasco e não uso figurino “apropriado”.

Estou confusa?
Como disse no início, hoje não é um dia fácil.
Agora preciso decidir: por que blogar, por que não blogar?
Como poucas pessoas visitam as minhas memórias, acho que posso arriscar compartilhar minhas inquietações com algumas pessoas queridas.
Agora por favor, não me venha com receitas prontas. Afinal de contas, eu sou Carla Visi, uma das melhores cantoras dessa terra.
Aliás, adoraria sentir a minha voz em todos os cantos da terra. Levando Amor, Paz e outros sentimentos sublimes.
Mais uma vez, pretenciosa ... fui.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Amo muito tudo isso.
O poder e as armadilhas da palavra.
A força e o poder transformador da canção.

Philadelphia foi ótimo!

Claro que onde há arte, respira-se transformação.
Foi a 24º Internacional Philadelphia Art Expo com a participação de artistas de traços, elementos e técnicas diferentes. Desde peças de decoração, roupas, bijoterias a telas e esculturas de tirar o fôlego.
Eu, J Veloso, Luzia Moraes, Luciano Salvador Bahia estávamos lá.
Contribuímos com algumas cores da nossa música brasileira.
Obrigada Monica Rocha, Lamar Redcross, Viviane Aires, Alex Shaw entre outros profissionais pela ajuda nessa semana de arte e música.
Até a próxima!

O que significa ser VERDE?

Tudo começou em 1990 em uma campanha do Ondazul “Praia linda, praia limpa”. Cantava há alguns anos e tinha ingressado na Cia Clic. Fizemos o lançamento do disco em uma lanchonete cujo mezanino servia como sede da ONG. Lembro de Ivana me cedendo o local para troca de roupa.

Em 1992, seguimos para a ECO 92 no Rio de Janeiro. Lá senti a mobilização de gente muito séria com colocações contudentes sobre a grande ameaça dos moldes da vida de consumo dos países desenvolvidos.

Ainda no Cheiro, fizemos uma música em homenagem aos catadores de lata. Atividade ecológica que gera renda a uma população antes marginalizada. No ano 2000, ao lado de grandes músicos e profissionais, sob a direção de Paulo Atto, apresentei no Teatro Diplomata o show Canto para Natureza.

Reflexões ...

Por que ações tão óbvias como economizar água ou energia elétrica que no caso brasileiro significam a mesma coisa, não jogar lixo nas praias, rios, encostas e boeiros, ou a reciclagem do lixo nos grandes centros como solução para melhorar a vida útil dos aterros sanitários são objeto de campanhas e reportagens e mesmo assim não mudam os hábitos da população?

Ecologia já foi um tema elitizado, muitas vezes distante da realidade e do cotidiano das pessoas comuns. As pessoas pensavam em problemas ambientais como algo distante. O desmatamento da floresta Amazônica, da Mata Atlântica, o efeito estufa e a extinção de certos animais pareciam ser problemas dos outros. Mas agora sabemos como esses temas podem afetar a vida da gente. Verão mais quente, inverno mais frio, "invasão" de certos animais em áreas urbanas, novas doenças, pragas, acidentes naturais mais frequentes como terremotos, ciclones, tempestades. O que eu tenho a ver com tudo isso?

Contribuímos para a poluição ambiental com muita naturalidade pois o conforto é uma grande conquista do ser humano. Um casal de classe média pode se dar ao luxo de usar cada qual um veículo mesmo quando o destino é o mesmo? Uma família pode colocar no seu lixo latas, garrafas PET, papelão, vidro, embalagens tetrapak, baterias e restos de comida juntos porque o serviço de coleta não é seletiva? Em um país quente como o nosso, podemos tomar longos banhos de chuveiro, e usar a queda d’água como terapia enquanto nos ensaboamos, escovamos os dentes ou fazemos a barba? É sinal de limpeza varrer a calçada na frente de prédios com água, e ainda acrescentar muita espuma nesse processo? NÃO. Aonde nós vamos chegar com uma população mundial de mais de seis bilhões consumindo e poluindo o planeta dessa maneira?

O impacto ambiental nem sempre justifica o retorno de certos empreendimentos, principalmente porque muitas vezes privilegia apenas uma minoria, exclui a população local, aumenta a desigualdade social e termina por esgotar os recursos naturais da região.

Nenhuma tecnologia no mundo tem o poder de reverter o déficit ambiental que já criamos. Então o que podemos fazer?
Simples: reduzir o uso indiscriminado e irracional dos recursos que ainda dispomos e exigir que governos de todo o planeta atuem para emplementar políticas sustentáveis.

sábado, 10 de outubro de 2009