quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Amo muito tudo isso.
O poder e as armadilhas da palavra.
A força e o poder transformador da canção.

Philadelphia foi ótimo!

Claro que onde há arte, respira-se transformação.
Foi a 24º Internacional Philadelphia Art Expo com a participação de artistas de traços, elementos e técnicas diferentes. Desde peças de decoração, roupas, bijoterias a telas e esculturas de tirar o fôlego.
Eu, J Veloso, Luzia Moraes, Luciano Salvador Bahia estávamos lá.
Contribuímos com algumas cores da nossa música brasileira.
Obrigada Monica Rocha, Lamar Redcross, Viviane Aires, Alex Shaw entre outros profissionais pela ajuda nessa semana de arte e música.
Até a próxima!

O que significa ser VERDE?

Tudo começou em 1990 em uma campanha do Ondazul “Praia linda, praia limpa”. Cantava há alguns anos e tinha ingressado na Cia Clic. Fizemos o lançamento do disco em uma lanchonete cujo mezanino servia como sede da ONG. Lembro de Ivana me cedendo o local para troca de roupa.

Em 1992, seguimos para a ECO 92 no Rio de Janeiro. Lá senti a mobilização de gente muito séria com colocações contudentes sobre a grande ameaça dos moldes da vida de consumo dos países desenvolvidos.

Ainda no Cheiro, fizemos uma música em homenagem aos catadores de lata. Atividade ecológica que gera renda a uma população antes marginalizada. No ano 2000, ao lado de grandes músicos e profissionais, sob a direção de Paulo Atto, apresentei no Teatro Diplomata o show Canto para Natureza.

Reflexões ...

Por que ações tão óbvias como economizar água ou energia elétrica que no caso brasileiro significam a mesma coisa, não jogar lixo nas praias, rios, encostas e boeiros, ou a reciclagem do lixo nos grandes centros como solução para melhorar a vida útil dos aterros sanitários são objeto de campanhas e reportagens e mesmo assim não mudam os hábitos da população?

Ecologia já foi um tema elitizado, muitas vezes distante da realidade e do cotidiano das pessoas comuns. As pessoas pensavam em problemas ambientais como algo distante. O desmatamento da floresta Amazônica, da Mata Atlântica, o efeito estufa e a extinção de certos animais pareciam ser problemas dos outros. Mas agora sabemos como esses temas podem afetar a vida da gente. Verão mais quente, inverno mais frio, "invasão" de certos animais em áreas urbanas, novas doenças, pragas, acidentes naturais mais frequentes como terremotos, ciclones, tempestades. O que eu tenho a ver com tudo isso?

Contribuímos para a poluição ambiental com muita naturalidade pois o conforto é uma grande conquista do ser humano. Um casal de classe média pode se dar ao luxo de usar cada qual um veículo mesmo quando o destino é o mesmo? Uma família pode colocar no seu lixo latas, garrafas PET, papelão, vidro, embalagens tetrapak, baterias e restos de comida juntos porque o serviço de coleta não é seletiva? Em um país quente como o nosso, podemos tomar longos banhos de chuveiro, e usar a queda d’água como terapia enquanto nos ensaboamos, escovamos os dentes ou fazemos a barba? É sinal de limpeza varrer a calçada na frente de prédios com água, e ainda acrescentar muita espuma nesse processo? NÃO. Aonde nós vamos chegar com uma população mundial de mais de seis bilhões consumindo e poluindo o planeta dessa maneira?

O impacto ambiental nem sempre justifica o retorno de certos empreendimentos, principalmente porque muitas vezes privilegia apenas uma minoria, exclui a população local, aumenta a desigualdade social e termina por esgotar os recursos naturais da região.

Nenhuma tecnologia no mundo tem o poder de reverter o déficit ambiental que já criamos. Então o que podemos fazer?
Simples: reduzir o uso indiscriminado e irracional dos recursos que ainda dispomos e exigir que governos de todo o planeta atuem para emplementar políticas sustentáveis.

sábado, 10 de outubro de 2009

Carla Visi em mais uma aventura ... Lavage de la Madeleine

Viajar para cantar na altura dos meus 20 anos de carreira musical não tem nada de novo. O diferente estava no motivo que me levou a cruzar o Atlântico. Uma lavagem nas ruas de Paris. Como algo tão brasileiro, ou melhor, tão baiano poderia acontecer numa das cidades mais antigas do mundo, centro da burocracia e das regras rígidas? Claro que também é a França dos imigrantes, a Paris das diversas etnias.

Tudo começou na praça de La Bourse até chegar a igreja de Madeleine. Uma multidão seguia a festa e mais pessoas vinham de todo canto. Havia música e dança na frente do cortejo com percussionistas e dançarinos no chão tocando e dançando maracatu. Capoeiristas logo em seguida com fantásticas acrobacias. Um minitrio comigo, J Velloso, Del Feliz, Nova e outros músicos atravessava ruelas em clima carnavalesco. Todos, músicos e artistas convidados, brasileiros de alma daqui e de lá. E mais ao fundo ainda tínhamos outro grupo de percussionistas regidos por Giba.

A festa seguia animada numa verdadeira celebração pela Paz. Como é bonita a mistura. O nosso país é assim. E assim o cortejo acolhia a todos. Venha com a sua alegria somar com a minha. Franceses, brasileiros, africanos e outras etnias acompanhavam o cortejo até chegar a Madeleine. Então, em frente a Igreja vivemos um dos momentos mais lindos de nossas vidas. Com as baianas e seus vasos de água de cheiro e flores lavando a escadaria, o padre nos recebe e reza o Pai Nosso em francês, um dos organizadores faz a prece em português e um pai de santo faz a saudação a todos os orixás em yorubá. A religião naquele momento cumpria o seu papel. Nos conectava a Deus enquanto verdadeiramente praticávamos o amor ao próximo, o amor sejamos iguais ou diferentes mas simplesmente, amor.

Chegava o momento final e os grupos foram dispersando, desmontando, tirando as fantasias. O carro de som desligou os aparelhos. Parecia fim de carnaval, tão rápido e tão intenso. Deixou saudade. Vim, vi e me apaixonei. Paris é linda, mas a cidade luz nunca mais será a mesma porque os brasileiros passaram por ali com sua música, sua fé, sua força e sua alegria. Eu, volto pra casa ainda mais brasileira, afinal, quanto mais eu giro o mundo mais em casa me sinto. Vida longa a lavage de la Madeleine.

Obrigada J Veloso e Luzia, Roberto Chaves e Jean, Adilson, Paulo, Anny pelo convite e apoio. Muito obrigada a todos que através da colaboração tornaram a lavage de la Madeleine uma linda realidade.