terça-feira, 8 de junho de 2010

Feliz dia dos namorados



Nunca pensei em ficar sozinha eternamente, não sou uma solteirona convicta e muito menos faço apologia ao antes só do que mal acompanhado. Diante desse clima festeiro de troca de presentes entre namorados, amantes, casais felizes ou não, assumidos ou não, reais ou virtuais ... fica uma pressão no ar: e você? Como anda o seu coração. No momento estou solteira, muito bem, obrigada.

Queridos homens e mulheres, amigos interessados, as vezes usamos estratégias de conquistas muito ultrapassadas. Relatos de situações recentes e breve análise:

1. “Você é uma mulher incrível, me deixa cuidar de você?” Se sou uma mulher incrível logo não preciso de uma babá. Preciso de um homem apaixonado e apaixonante. Paixão é coisa passageira? Tudo bem. Pensamos nisso depois que acabar. Pode se transformar em amor, amizade ou numa gostosíssima lembrança.
2. “Seu silêncio, desconfio ser por medo. Lhe peço coragem.” Colocações de uma mulher jovem e lésbica. Não tenho dúvidas que gosto de homem, como também não teria medo se gostasse de uma mulher. O fato é que se existe essa mulher, ela não é você.
3. “Você mexe comigo. Tenho vontade de você” Me diz uma voz jovem, sensual, masculina ao telefone me propondo masturbação virtual. Não tenho paciência pra isso. Gosto do tato, do cheiro, do gosto do prazer... e obviamente ele tem uma namorada da idade dele, mas quer viver uma aventura com uma mulher mais velha. Experiência!
4. “Quero transar com você, porque você é uma mulher madura, independente, inteligente, bem resolvida e muito gostosa” Papo de um cara casado com uma mulher mais jovem que provavelmente tem grande dependência emocional e admiração por ele, e claro, só quer dar umas trepadas com a coroa gata sem cobranças. Estou fora desse circuito.
5. “Alô, mô!” “Beijo, minha paquerinha.” “Oi, minha gata” Saudações com voz dengosa denotando um envolvimento que não existe. Fico completamente desconsertada, pois como não existe nada, me pega desprevinida. Então sorrio e falo qualquer coisa sem graça.
6. “Desculpe ligar pra você, mas bebi um pouco e tomei coragem pra dizer que ainda gosto de você e sinto muito a sua falta” Papo do italiano safado que me traiu com outras mulheres carentes e doidas pra dar para um gringo. Ele continua na tentativa de demarcar território a distância. E eu o atendo convicta de que tenho muitas e melhores possibilidades sem ele.

Alguém que acabou de ler até aqui pode estar pensando: Carla pirou. Eu respondo que isso não é loucura. Estou viva, bem viva. Assumo que tenho nesse momento uma certa preguiça de me produzir toda para um cara, de tentar entender ou adivinhar os desejos dele, preguiça de me desdobrar em mais uma mulher, já que sou mãe de uma criança de 4 anos, cantora e líder de uma banda no palco e fora dele, idealizadora de projetos artísticos, vendedora do meu trabalho, estudante de outras línguas e culturas, um pouco jornalista nas horas vagas e ainda frequento diversas redes sociais (ufa!), preguiça de fazer sexo sem vontade ou fingir prazer nos dias que estou cansada, preguiça de justificar os meus defeitos e tolerar os defeitos do outro, preguiça de começar tudo de novo e me surpreender com os momentos de ciúme e possessividade, preguiça de perder meu tempo com um cara que não vale a pena.
Mas diz a regra que todo mundo precisa ter alguém. Mas que alguém?
Qualquer maneira de amor vale a pena, mas qualquer pessoa sem um tiquinho de amor, nem me vale cantar.



Quero somar e não me dividir.
Quero ser a mulher gostosa sem precisar camuflar rugas, celulite e estrias.
Quero compartilhar, trocar, dar e receber sem cobranças e expectativas.
Quero me sentir livre estando acompanhada porque sabemos que não somos propriedade do outro.
Quero o estar juntos porque enquanto juntos, somos plenos.
Quero rir, chorar, ser forte, frágil, e me entregar de corpo e alma sem complicações.
Quero falar bobagens e juntos, rir dos nossos deslizes.
Quero estar bem só ou ao seu lado.
Viver cada momento. Simples assim.