Viajar para cantar na altura dos meus 20 anos de carreira musical não tem nada de novo. O diferente estava no motivo que me levou a cruzar o Atlântico. Uma lavagem nas ruas de Paris. Como algo tão brasileiro, ou melhor, tão baiano poderia acontecer numa das cidades mais antigas do mundo, centro da burocracia e das regras rígidas? Claro que também é a França dos imigrantes, a Paris das diversas etnias.
Tudo começou na praça de La Bourse até chegar a igreja de Madeleine. Uma multidão seguia a festa e mais pessoas vinham de todo canto. Havia música e dança na frente do cortejo com percussionistas e dançarinos no chão tocando e dançando maracatu. Capoeiristas logo em seguida com fantásticas acrobacias. Um minitrio comigo, J Velloso, Del Feliz, Nova e outros músicos atravessava ruelas em clima carnavalesco. Todos, músicos e artistas convidados, brasileiros de alma daqui e de lá. E mais ao fundo ainda tínhamos outro grupo de percussionistas regidos por Giba.
A festa seguia animada numa verdadeira celebração pela Paz. Como é bonita a mistura. O nosso país é assim. E assim o cortejo acolhia a todos. Venha com a sua alegria somar com a minha. Franceses, brasileiros, africanos e outras etnias acompanhavam o cortejo até chegar a Madeleine. Então, em frente a Igreja vivemos um dos momentos mais lindos de nossas vidas. Com as baianas e seus vasos de água de cheiro e flores lavando a escadaria, o padre nos recebe e reza o Pai Nosso em francês, um dos organizadores faz a prece em português e um pai de santo faz a saudação a todos os orixás em yorubá. A religião naquele momento cumpria o seu papel. Nos conectava a Deus enquanto verdadeiramente praticávamos o amor ao próximo, o amor sejamos iguais ou diferentes mas simplesmente, amor.
Chegava o momento final e os grupos foram dispersando, desmontando, tirando as fantasias. O carro de som desligou os aparelhos. Parecia fim de carnaval, tão rápido e tão intenso. Deixou saudade. Vim, vi e me apaixonei. Paris é linda, mas a cidade luz nunca mais será a mesma porque os brasileiros passaram por ali com sua música, sua fé, sua força e sua alegria. Eu, volto pra casa ainda mais brasileira, afinal, quanto mais eu giro o mundo mais em casa me sinto. Vida longa a lavage de la Madeleine.
Obrigada J Veloso e Luzia, Roberto Chaves e Jean, Adilson, Paulo, Anny pelo convite e apoio. Muito obrigada a todos que através da colaboração tornaram a lavage de la Madeleine uma linda realidade.
sábado, 10 de outubro de 2009
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2 comentários:
Je amerais te voir chanté en Paris. Conheces o Blue Note? Lá é infalivel encontrar músicos brasileir@s.
Vi as imagens através de reportagem e me arrepiei...com a sua narração agora...cheguei a viver tudo! Parabéns cantora linda!
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